ISBN-13: 9781502547675 / Portugalski / Miękka / 2014 / 92 str.
O sexo sentido e a terceira parte do romance experimental A revoada dos elefantes. Trata-se de uma narrativa ficcional escrita em primeira pessoa do ponto de vista da personagem-escritora Holda Archanjo. A escritora articula neste livro demo a sua perspectiva do encontro com as personagens Isaias Cruz e Tulio Arnachand Botelho, na praia do Rosa, durante o ultimo carnaval do seculo passado. Ao primeiro livro Edita-me ou te devoro, coube a autoria ficticia de Tulio Armachand Botelho. O narrador-personagem relata a historia do relacionamento da escritora Holda Archanjo com o seu editor Isaias Cruz, acompanhando a tentativa que o editor faz de comunicar-se com a escritora durante o ultimo carnaval do milenio. Ao segundo livro, Cartas de Isaias coube a organizacao da personagem editor Isaias Cruz, para apresentar basicamente as correspondencias e apontamentos trocados entre ele e Holda Archanjo. A coletanea desses escritos tece uma cronica epistolar do horizonte apreciativo da sociedade brasileira no bote de iniciar o seculo XXI. A presente edicao de O sexo sentido, finaliza os tres volumes de A revoada dos elefantes, atualizando o projeto por mim visualizado e desenvolvido na oficina de romance conduzida pelo escritor Luiz Antonio de Assis Brasil, na decada de noventa do seculo XX, como parte do programa de extensao em Literatura Brasileira da Pontificia Universidade Catolica de Porto Alegre. Ao planejar a estrutura narrativa de A revoada dos elefantes mantive em foco o experimento de dar um passo a frente ao salto de qualidade que o texto Les Lauriers sont Coupes de Eduard Dujardin possibilitou a escritura literaria, ao introduzir o dialogo interior. Meu desafio foi de inaugurar um dialogo entre os generos hibridos que possibilitasse a historia ser contada fora da estrutura enunciativa linear do romance, ou seja, que na realidade a narrativa se faca e se revele no dialogo interior articulado na consciencia mesma do leitor. Chamo a esse recurso, ainda de dificil recepcao pelo auditorio social ampliado da minha epoca, de dialogo hibrido generico ou trans-estutural. Em "A revoada dos elefantes" procurei realizar uma ficcao nova que, a exemplo das artes plasticas contemporaneas, constitui-se no fosso da sua base conceptual para realizar e dar o acabamento a criatividade artistico-estetica na propria enunciacao de um genero emergente. Desse modo a ficcao tracada em "A revoada dos elefantes" se realiza nao apenas por ou atraves de um genero literario autoritario, mas ela se anuncia eminentemente persuasiva na teia plurilingue dos generos hibridos que entrecruza (por exemplo: novela, carta e diario; narrativa, correspondencia e autobiografia; romance cronica e poesia). A publicacao dos tres livros em separado materializa o meu projeto de instalacao literaria - conferindo mobilidade aos tres textos como de autoria de um outro: a personagem. Nao se trata de tres estorias contadas por tres narradores, posto que o narrador se coloca como um outro do mesmo; trata-se de tres personagens que retomam um cronotopo para contar, da sua perspectiva e com seus recursos genericos, um vies da historia que vivenciaram. Desse modo instauro um ato performativo que confia a Tulio, Holda e Isaias o estatuto e a assinatura de autores, e me ajuda a dar acabamento a esta proposta narrativa nova e necessaria (deixando a parte a agonia de sentir a grande historia fugindo no bote da terceira margem)."